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Como o ouro perdeu o seu brilho! O ouro fino tornou-se baço! As pedras do santuário estão espalhadas no chão, no meio da rua.

A fina flor da tua juventude, esse ouro de maior quilate, é tratada como um vulgar jarro de barro.

Até os chacais alimentam as suas crias, mas o meu povo de Israel não pode fazê-lo; é como as cruéis avestruzes do deserto, descuidadas com as suas crias.

As línguas das crianças prendem-se ao céu-da-boca com a sede que têm, pois não conseguem encontrar uma gota de água. Os bebés choram por comida e ninguém consegue dar-lhes seja o que for.

Aqueles que costumavam comer faustosamente andam agora pelos cantos das ruas estendendo as mãos a pedir esmola. Os que sempre viveram em palácios estão agora no meio da sujidade, coçando-se e mendigando.

Porque o castigo do meu povo é maior do que o de Sodoma, a qual foi subvertida totalmente em momentos, por uma catástrofe, e sem que interviesse a mão do homem.

Os seus nobres eram belos e elegantes, mais brilhantes que a neve ao Sol, mais alvos que o leite; tinham a pele mais rosada que finos rubis e sua aparência lembrava as mais lindas safiras.

Mas agora estão com os rostos estragados e sujos como de fuligem; ninguém os reconhece; estão na pele e osso, secos e mirrados.

Os que perdem a vida na guerra são considerados muito mais ditosos do que os que morrem de fome.

10 Mulheres piedosas e sensíveis chegaram ao ponto de cozer e comer os próprios filhos, para conseguirem sobreviver ao cerco da cidade.

11 Mas agora, enfim, a cólera do Senhor está satisfeita, a sua ira terrível foi derramada! Ele acendeu um fogo em Sião que ardeu até aos fundamentos.

12 Não havia um rei sequer, nem ninguém em todo o mundo, que acreditasse que o inimigo poderia entrar pelas portas de Jerusalém!

13 E Deus permitiu que isso acontecesse por causa dos pecados dos profetas e dos sacerdotes que sujaram a cidade, fazendo derramar-se sangue inocente.

14 Agora esses mesmos homens andam cambaleando cegos, através das ruas, cobertos de sangue, tornando impuro tudo o que tocam.

15 “Afastem-se!”, grita-lhes o povo. “Vocês são impuros!” E eles fogem para terras distantes e vagueiam por entre estrangeiros, mas ninguém lhes dá autorização de permanência.

16 O Senhor mesmo, na sua ira, os dispersou; não os socorrerá mais, visto que não honram os sacerdotes nem os anciãos.

17 Bem pedimos ajuda aos nossos aliados, para que venham salvar-nos, mas pedimos em vão. As nações com quem mais contávamos não mexem um dedo a nosso favor.

18 Não podemos sair às ruas sem o risco de perder a vida. O nosso fim está perto, os nossos dias estão contados, estamos condenados.

19 Os nossos inimigos são mais rápidos do que águias; se fugimos para as montanhas, apanham-nos lá; se nos escondemos no deserto, já lá estão à nossa espera.

20 O nosso rei, que nos é tão precioso como o ar que respiramos, o ungido do Senhor, caiu nas armadilhas. E nós pensávamos que sob a sua proteção podíamos viver entre as nações!

21 Ficaste feliz, ó povo de Edom, da terra de Uz! No entanto, também tu hás de beber o cálice amargo da ira de Deus que te embriagará e te deixará despida.

22 O teu exílio, ó Sião, por causa dos teus pecados, terminará por fim! O Senhor não prolongará o teu cativeiro! Mas em relação a ti, ó Edom, ele punirá o teu pecado e colocará à vista de todos as tuas transgressões!

As grandes aflições de várias classes de pessoas

Álefe.

Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro fino e bom! Como estão espalhadas as pedras do santuário ao canto de todas as ruas!

Bete.

Os preciosos filhos de Sião, comparáveis a puro ouro, como são, agora, reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!

Guímel.

Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos; mas a filha do meu povo tornou-se cruel como os avestruzes no deserto.

Dálete.

A língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar; os meninos pedem pão, e ninguém lho dá.

Hê.

Os que comiam iguarias delicadas desfalecem nas ruas; os que se criaram em carmesim abraçam o esterco.

Vau.

Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, a qual se subverteu como em um momento, sem que trabalhassem nela mãos algumas.

Zain.

Os seus nazireus eram mais alvos do que a neve, eram mais brancos do que o leite, eram mais roxos de corpo do que os rubins, mais polidos do que a safira.

Hete.

Mas, agora, escureceu-se o seu parecer mais do que o negrume, não se conhecem nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos, secou-se, tornou-se como um pedaço de pau.

Tete.

Os mortos à espada mais ditosos são do que os mortos à fome; porque estes se esgotam como traspassados, por falta dos frutos dos campos.

Jode.

10 As mãos das mulheres piedosas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo.

Cafe.

11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor; derramou o ardor da sua ira e acendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.

Lâmede.

12 Não creram os reis da terra, nem todos os moradores do mundo, que entrasse o adversário e o inimigo pelas portas de Jerusalém.

Mem.

13 Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela.

Nun.

14 Erram como cegos nas ruas, andam contaminados de sangue; de tal sorte que ninguém pode tocar nas suas roupas.

Sâmeque.

15 Desviai-vos, bradavam eles. Imundo! Desviai-vos, desviai-vos, não toqueis; quando fugiram e erraram, disseram entre as nações: Nunca mais morarão aqui.

Pê.

16 A ira do Senhor os dividiu; ele nunca mais tornará a olhar para eles; não reverenciaram a face dos sacerdotes, nem se compadeceram dos velhos.

Ain.

17 Os nossos olhos desfaleciam, esperando vão socorro; olhávamos atentamente para gente que não pode livrar.

Tsadê.

18 Espiaram os nossos passos, de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas; está chegando o nosso fim, estão cumpridos os nossos dias, porque é vindo o nosso fim.

Cofe.

19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros do que as aves dos céus; sobre os montes nos perseguiram, no deserto nos armaram ciladas.

Rexe.

20 O respiro das nossas narinas, o ungido do Senhor, foi preso nas suas covas; dele dizíamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.

Chim.

21 Regozija-te e alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz; o cálice chegará também para ti; embebedar-te-ás e te descobrirás.

Tau.

22 O castigo da tua maldade está consumado, ó filha de Sião; ele nunca mais te levará para o cativeiro; ele visitará a tua maldade, ó filha de Edom, descobrirá os teus pecados.

Horrores do ataque a Jerusalém

Em cada esquina das ruas
    há joias[a] atiradas ao chão.
O ouro mudou;
    como perdeu o seu brilho!

Os cidadãos de Sião eram tão valiosos
    que valiam o seu peso em ouro,
mas agora são considerados vasilhas baratas
    feitas por um artesão qualquer.

Até as lobas dão leite às suas crias;
    deixam que se alimentem do seu peito.
Mas a filha do meu povo[b] tornou-se mais cruel
    do que o animal mais selvagem do deserto.

A língua dos bebês pega-se ao céu da boca
    de tanta sede que eles têm.
Os jovens pedem pão,
    mas não há ninguém para lhes dar algo.

Os que estavam acostumados com comidas finas,
    estão famintos nas ruas.
Os que antes se vestiam com roupa fina[c],
    agora juntam trapos.

Os crimes de Jerusalém eram maiores
    do que o pecado de Sodoma e Gomorra.
Sodoma foi destruída num segundo,
    embora nunca fosse atacada.

Os nazireus de Jerusalém eram mais puros do que a neve,
    mais brancos do que o leite.
O seu corpo era forte como o carvalho,
    e o seu cabelo era bonito como a safira.

Agora tornaram-se mais negros do que o carvão.
    Ninguém os reconhece nas ruas.
A pele se grudou aos ossos
    e está tão seca como a madeira.

Tiveram melhor sorte os que morreram na batalha
    do que os que morreram de fome.
Quando falta uma colheita,
    os famintos enfraquecem lentamente.

10 Com as suas próprias mãos,
    as mulheres mais amorosas cozinharam os seus filhos.
Ficaram sendo a sua comida,
    quando o meu povo foi vencido.

11 O SENHOR desatou toda a sua fúria;
    derramou o fogo da sua ira.
Incendiou um fogo em Sião
    que queimou até aos confins da terra.

12 Os reis da terra e os seus habitantes
    não acreditaram no que tinha acontecido;
não podiam acreditar que um inimigo
    pudesse atravessar os portões de Jerusalém.

13 Por causa dos pecados dos seus profetas
    e os crimes dos seus sacerdotes,
foi derramado dentro de Jerusalém
    o sangue de pessoas justas.

14 Os profetas e sacerdotes
    vagaram como cegos pelas ruas,
tão manchados de sangue
    que ninguém queria tocar nos seus vestidos.

15 “Afastem-se, impuros!”, gritavam-lhes os outros.
    “Afastem-se, não nos toquem!”
Porque a ruína tinha caído sobre eles e ficaram sem lugar,
    as pessoas lhes diziam:
    “Já não queremos que vivam conosco”.

16 O SENHOR mesmo os destruiu
    e já não cuida deles.
Ele não mostrou respeito pelos sacerdotes
    nem teve consideração com os líderes.

17 Nossos olhos ficaram cansados
    de tanto procurar ajuda em vão.
Da nossa torre de vigilância
    buscamos e procuramos uma nação que nos salvasse,
    mas nenhuma chegou.

18 Os nossos inimigos seguiram os nossos passos
    para que não pudéssemos caminhar nas nossas ruas.
O nosso fim estava perto,
    os nossos dias estavam contados.

19 Os homens que nos perseguiam
    eram mais rápidos do que as águias do céu.
Eles nos perseguiram nas montanhas
    e preparam uma emboscada
    no deserto para nos apanhar.

20 Apanharam o nosso rei,
    o consagrado pelo SENHOR
e que era para nós
    como o ar que respiramos.
Nós acreditávamos que o nosso rei
    nos protegeria de todas as nações.

21 Cante e celebre, povo de Edom,
    que vive na terra de Uz,
mas lembre-se que o cálice do sofrimento
    também chegará até você.
Beberá desse cálice,
    ficará embriagado e ficará nu.

22 O seu castigo terminou, Sião;
    não voltarão a fazê-la prisioneira.
Agora, povo de Edom, o SENHOR castigará o seu crime;
    castigará você pelos seus pecados.

Footnotes

  1. 4.1 joias O hebraico não é claro.
  2. 4.3 filha do meu povo Aqui é uma forma simbólica de se referir às mulheres de Jerusalém.
  3. 4.5 roupa fina Literalmente, “púrpura”.